Norma Suely Bezerra
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
Psicóloga clínica / Neuropsicóloga
VOCÊ SABE O QUE É SEXUALIDADE
A sexualidade é um termo que imediatamente associamos ao sexo, mas você já
imaginou tudo o que a sexualidade humana realmente engloba?
A sexualidade é distribuída em três aspectos principais que se inter-relacionam entre si: biológica, psicológica e social.
Estes três aspectos fundamentais da sexualidade não podem ser considerados isoladamente, já que eles perderiam o significado. Sua unidade biopsicossocial envolve uma configuração para a sexualidade que favorece o desenvolvimento da personalidade.
“A sexualidade tem muito mais riqueza e complexidade do que imaginamos, pelo simples fato de ser a capacidade de um ser tão rico e complexo como é o ser humano”.
– Julian Fernandez de Quero –
A Organização Mundial da saúde (OMS) faz a seguinte definição do que constitui a sexualidade humana:
“A integração de elementos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser sexual que, por meios que são positivamente enriquecedores, realçam as pessoas, a comunicação e o amor”.
Tendo em conta estes fatores que são essenciais na sexualidade humana, podemos analisar a implicação de cada um deles:
A sexualidade a partir do biológico
Possivelmente o aspecto biológico foi o mais considerado ao se criar um conceito de sexualidade. Mais especificamente a aparência genital, como o órgão sexual por excelência.
Esta é uma visão muito reducionista que não considera o esquema do corpo como uma unidade. A integração do corpo na sua totalidade, dentro da sexualidade, nos permite entender que somos seres sexuais, desde que nascemos até morrermos. Isso significa que as crianças, os adolescentes, os adultos e os idosos têm sexualidade.
Quando você se referir apenas a parte biológica da sexualidade, estará focando na reprodução sexual, através dos órgãos genitais, e destinada à reprodução. O aspecto biológico da sexualidade pode ser expandido e, assim, dar um significado maior quando se relaciona com outros fatores envolvidos:
“O nosso corpo tem que ser aprendido, e somente através de um esquema corporal completo seremos capazes de realizar essa tarefa. Parcializar o corpo, indicando apenas determinadas funções, é negar o prazer de conhecer e se comunicar corretamente com as outras partes“.
A sexualidade a partir do social
Esta dimensão da sexualidade tem a ver com nosso lado erótico, através de um comportamento aprendido e da aquisição de vários costumes e ritos. Ou seja, em todas as culturas há crenças sobre a sexualidade que variam de acordo com o contexto histórico, e que influenciam a nossa maneira de agir.
Nossas influências políticas, religiosas e culturais, de alguma forma, regulam os padrões do que é apropriado e do que não é. Isto resulta em muitas limitações a nível sexual através do que é considerado “normal”.
Como seres sociais que somos, muitos medos que temos são relacionados a não nos sentirmos rejeitados, isolados e diferentes. Para fazer isso, observamos e transmitimos mensagens de comunicação que podemos ter interiorizado, transformando-as em valores e normas de conduta.
Como uma população específica vive sua sexualidade é o resultado da socialização da mesma, mas esteja ciente de que estes comportamentos e atitudes que nós já internalizamos, sem questioná-los, podem nos ajudar a adaptá-los ou modificá-los a partir do conhecimento e do desenvolvimento da nossa própria personalidade.
Isto significa romper com as limitações e equívocos que foram instituídos em nosso processo de socialização para vivermos a sexualidade como algo positivo, o que é diferente para cada pessoa. Portanto, seria aconselhável, em vez disso, falar sobre sexualidades.
A educação sexual nesse sentido tem muito a dizer. Através do conhecimento, ela abre o processo de conscientização para que cada indivíduo possa ser livre para decidir e escolher um modo de viver e desfrutar da sua própria sexualidade.
A sexualidade a partir do psicológico
Do envolvimento e da integração do esquema corporal, da experiência do corpo (biológica), e da socialização, ou seja; de como devemos agir; nasce a dimensão psicológica. O fator psicológico envolvido na sexualidade é caracterizado por pensamentos, fantasias, atitudes e tendências.
O aspecto psicológico está envolvido dentro da sexualidade, em relação a como nos sentimos com nós mesmos e com os outros. Ele leva em conta também as emoções, os sentimentos, o prazer, as crenças, o resultado das experiências e a aquisição de conhecimentos.
No desenvolvimento da nossa personalidade, desde que nascemos, adquirimos uma visão única de como experimentar e viver a sexualidade. Este significado para nós está sempre variando, sendo diferente a cada fase de nossas vidas. Por isso especificávamos anteriormente o conceito de sexualidades.
Nós sentimos de forma diferente uns dos outros, e as emoções despertadas em nós são diferentes, embora a situação seja a mesma. Por esta razão, cada pessoa tem uma maneira diferente de sentir prazer, já que o que faz com que algumas pessoas tenham prazer pode causar descontentamento para outras.
Perceber este aspecto implica em um conhecimento sobre o que se sente e o que se quer; em assumir a responsabilidade por ele para poder compartilhá-lo, ou não, nas relações com outras pessoas.
Conclusão
Com a análise dos três aspectos que estão envolvidos no conceito de sexualidade, pode-se concluir que:
– A sexualidade está presente em todas as fases de nossas vidas, já que somos seres sexuais desde que nascemos até morrermos. Ela não é algo estático, mas bastante dinâmico, que está mudando tanto quanto nós mudamos.
– A informação e o conhecimento que adquirimos, de fora para dentro da esfera sexual, influenciam o nosso próprio conhecimento sobre nós mesmos e também a interação que temos com os outros.
– Há uma sexualidade exclusiva para todas as pessoas que determina como elas vivem o prazer, mas existem tantas sexualidades quanto existem indivíduos, cada um com suas peculiaridades, que são determinadas pela personalidade, pelo conhecimento e pela experiência individual. Entendendo isso, podemos nos livrar do considerado como “normal” e, assim, levar a sexualidade à nossa própria maneira, sem medo e sem culpa, explorando e desfrutando de nossa sexualidade.
“Sexualidade não é o que acreditamos, não é o que nos disseram. Não há uma, mas muitas sexualidades”
– Albert Rams –
Bibliografia utilizada:
-Coronado, r. (2014). Conceito de sexualidade. Granada: Instituto de Sexologia Al Andalus (não publicado).
-Quero, J. F. (1996). Guia prático para a sexualidade masculina: chaves para conhecê-la melhor. Temas atuais.
Postado por A Mente é Maravilhosa: